quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Maquinanda de Pandora - Parte I

Aqui a parte I, porque certamente depois da abertura daquela que é a verdadeira Caixa de Pandora, que foi a gestão do executivo camarário socialista dos últimos 16 anos em Espinho, a cada semana mais um escândalo aparece na imprensa. Pinto Moreira, o recém eleito presidente de Câmara social democrata, tem vindo a tropeçar em vários pedregulhos, nesta sua exploração inicial do estado da autarquia da designada "Pérola da Costa Verde". A última surge hoje um pouco por toda a imprensa, e dá pelo nome de "RTP considera "inatacável" decisão do Governo de não reconhecer fundação que gere Multimeios", e é a mais recente catástrofe saída da caixa de Pandora que foi a governação de José Mota em Espinho nestes últimos anos. Ao que parece, a "Fundação" (daqui para a frente sempre entre aspas), afinal não é tão legal como seria suposto ser, pois nunca foi reconhecida pelo Estado! (mais uma daquelas que não dá para acreditar...)
Para os espinhenses nunca foi dúvida, que a dita "Fundação" Navegar, pouco ou nada fez para cumprir os seus supostos objectivos e passo a citar, passavam pela "divulgação, a promoção e o desenvolvimento da cultura, das artes e do conhecimento científico, designadamente na área do Município de Espinho, bem como o apoio e acções educativas de formação e lazer que se enquadrem nos mesmos fins". A sua marca na cidade sempre foi extremamente reduzida, ou até mesmo nula, não assegurando minimamente qualquer tipo de papel de agente de divulgação científica e cultural; as suas actividades sempre foram de elevada descrição e de impacto questionável, no tecido socio-cultural da cidade, até porque sempre passaram desprecebidas à esmagadora maioria dos espinhenses.

A suposta gestão de um equipamento de importância estratégica para o concelho, como foi e deve ser o Centro Multimeios, que deveria passar pelo apoio à arte, cultura e ciências, nunca passou do papel, ou melhor dizendo do seu prório site, contando-se pelos dedos das mãos (senão mesmo até de uma única mão), os eventos que ali tiveram lugar, que alguma validade trouxeram à população local. As actividades que ali aconteceram fora do suposto funcionamento normal da "fundação", e dou como exemplo o Festival de Música de Espinho ou o Cinanima - Festival Internacional de Animação de Espinho, sempre garantiram a animação e vivência do espaço por parte da população, sendo unicamente neste contexto que o edifício funcionou em toda a sua plenitude e potencial. Não resisto ainda a acrescentar um detalhe delicioso, que estes eventos ali se realizaram, porque os responsáveis pelos mesmos pagavam (e continuam a pagar) a ocupação do respectivo espaço, uma vez que a "Fundação" Navegar, entendeu sempre cobrar pela disponibilização de um espaço construído com dinheiro público e supostamente gerido com o intuito de servir a população. Com a criação da pomposa "Fundação" Navegar, que sustento trouxe a determinados filhos e conhecidos de parte da equipa autárquica socialista local, conseguiu-se "elitizar" este mesmo espaço, ao não permitir que qualquer iniciativa, que não fosse organizada ou dinamizada por "fulaninho amigo de cicrano do executivo camarário da época", imediatamente era recusada e muito menos apoiada de algum modo. Como consequência desta "elitização" egocêntrica e como a equipa da dita "fundação" sempre deixou muito a desejar, nomeadamente no que toca às suas próprias competências profissionais, habilitações e motivações pessoais, rapidamente o edifício, perdão, a "Fundação" se tornou em mais uma bela despesa sem grande retorno. Aliás, se a "Fundação" Navegar é agora considerada ilegal, que justificação existe para os diversos orçamentos com que funcionou anualmente? Fundos dos quais, parte deles certamente sairam dos cofres da Câmara de Espinho; se a legalidade da dita instituição é agora posta em causa, depois desta cada vez mais frutuosa abertura da caixa de Pandora após a épica derrota eleitoral de José Mota, até que ponto o dinheiro entregue à "Fundação" Navegar lhe seria legítimo? Não deveria esse dinheiro ser devolvido? Quem deverá ser responsabilizado por este facto?
Quem deveria ser responsabilizado temos todos nós que tentamos viver nesta triste de desgastada cidade, uma vaga ideia de quem seja, mas como os derrotados socialistas às autárquicas ganharam prémios de consolação do governo de Sócrates, em forma de altos cargos de estado (tipo assim de repente Governador Civil de Aveiro...), o assunto deverá ser rapidamente esquecido...

Esta é só mais uma das vergonhas que o socialismo despótico deixou em Espinho. Não convém esquecer que para além de uma "Fundação", temos agora uma nova Biblioteca Municipal (inaugurada estratégicamente nas vésperas das eleições autárquicas de 2009), mas que curiosamente não tem livros, não tem luz. ou seja está inaugurada, mas não é utilizável. Já para não falar no FACE (Fórum de Arte e Cultura de Espinho), que acredito possa ser mais uma espécie de "fundação" Navegar... E claro, continuamos todos a ter de ver zona nobre da cidade geminada com Bagdad, pois as obras de requalificação da superfície, após "a obra do século", segundo José Mota que foi o enterramento da linha férrea, também parecem estar condenadas a esperar mais uns anos. Construir grandes equipamentos públicos, mas não fazer a mínima ideia de como os gerir e rentabilizar, parece ter sido o prato forte do executivo de José Mota, que quando tentou fazer alguma coisa bem, fundou "Fundações" absurdas e entregou mais aos mesmos do costume.

E isto meus caros, é só um apontamento do que se passa no nosso pequeno meio, após a abertura da verdadeira Caixa de Pandora.